E chegou o dia. Um dia o inevitável aconteceu. É um esconderijo emocional e nacional. Um golpe que ressoa em todas as latitudes. Impacto global. Uma notícia que marca o fim de uma grande história.
Maradona foi acima de tudo, um jogador autêntico. Sua vida foi um salto pela abertura sem pára-quedas. Uma montanha-russa constante com subidas e descidas íngremes.
Ninguém leu as regras do jogo a Diego. Ninguém lê seu ambiente (conceito naturalizado como abstrato e mutante ao longo de sua vida) e o manual de instruções. Ninguém tinha joystick para poder manejar os destinos de um homem como ele.
Pode ter sido consistente para ser autêntico em suas contradições. Não havia necessidade de ser Maradona quando ele não conseguia suportar. Para abrir a vida juntos e neste caso de surpresas, ele vai expor grande parte da idiossincrasia argentina. Maradona são os dois espelhos: aquele que resulta no prazer milagroso e o outro que nos torna conscientes.
Ao contrário da comunidade mortal, Diego nunca foi capaz de esconder ninguém dos derramamentos.
Ele é o único que usa calças de veludo cotelê e é o homem das camisas brilhantes e da coleção de relógios brilhantes. É que ele dá quatro goles para um arqueiro que tenta desafiá-lo e ao mesmo tempo para o preso que tenta sibilar para os alemães e acaba sendo humilhado.
Ele se banha de glória no estádio Azteca e na venda da mão de uma enfermeira nos Estados Unidos. Ele é aquele que espreita, aquele que treme, aquele que levanta, aquele que motiva.
Ele pegou um avião de qualquer lugar do mundo para vir jogar com a camisa da seleção nacional. O caminhão Ruby e o caminhão Scania estão estacionados em um país.
Ele é o gordo que joga golfe em Cuba e ao lado de La Noche del Diez. Aquele que luta contra a morte em Punta del Este. Ele é novato de Claudia e também é acusado de violência de gênero. Ele é um viciado constante.
Um ícone do novo neoliberalismo e aquele que embarcou no trem para ficar cara a cara com Bush e ser uma voz do progresso latino-americano. Cada tatuagem que tens na cara, Che, Dalma, Gianinna, Fidel, Benja … É o homem que abraça o Mundial, o homem que vira os italianos insultando-o e aquele que lê um sorriso aos heróis das Malvinas com uma festa digno de uma ficção, uma obra literária, uma obra de arte.
Porque se você escolher uma festa quebrada, seria isso. Porque não haverá mais duração maradoniana do que aqueles quatro minutos que se passaram no jogo de 22 de junho de 1986 contra os ingleses.
O melhor resumo da sua vida, do seu estilo, do que foi capaz de criar. Pinte seu trabalho na melhor moldura possível. O mundo é Diego Armando Maradona. O trabalho e o mágico, que conseguem enganchar todos e pegar uma taça e aquela que se supera com a pontuação de todos os tempos.